João Gonçalves dos Reis, um ícone da história de Porangatu

Aos 97 anos, internado e vítima de parada cardiorespiratória, Joãozinho da Farmácia sempre portou admiração da parte de milhares de pessoas.

João Gonçalves dos Reis: contribuição importante para com o Município de Porangatu – Arte (acima e a da home): Apale/Goianinho

 

Vice-prefeito de Porangatu no período 1966-1970 e, prefeito nos mandatos 1970-1973 e 1983-1989, João Gonçalves dos Reis morreu dia 10 de setembro, em Uruaçu, onde estava internado há 14 dias, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Edmundo Fernandes, onde necessitava passar por complexa cirurgia para a troca de marcapasso.

Maior político da história da cidade nortense, também escritor, integrante da Academia Porangatuense de Artes e Letras (Apale), farmacêutico, pesquisador e gentleman, o patriarca deixa a esposa Edeltes Gomides Reis, os filhos Eduardo Antônio Gonçalves dos Reis, Luiz Sergio Gonçalves dos Reis, Dayse Yare Gonçalves dos Reis e Carlos Rosemberg Gonçalves dos Reis (deputado estadual na legislatura 1987-1991). Aos seis anos, o filho Claúdio Fernando Gonçalves dos Reis faleceu, em 19 de junho de 1977, afogado, no rio Canabrava (um fato que repercutiu e, marcou muito a infância do autor desta reportagem, Jota Marcelo, na época, com dez anos e quatro meses, e de então grande ligação com Porangatu, para onde ia com certa frequência, juntamente com integrantes de família muito amigo/próxima, via Belchiolina Alves Teixeira [Tia Bel], in memoriam; bons finais de semana ou boas temporadas, especialmente no Povoado do Estreito [ponto de moradia da excepcional matriarca da família amiga, Dona Amazilia Alves de Jesus], algo que vivi, participei com satisfação enorme entre 1975 e 1986). Senhor João deixa também, netos.

Nascido em 27 de março de 1927, na fazenda Serra de Campo, reduto do então Arraial do Descoberto, que teve nome alterado para Porangatu, o visionário João Gonçalves dos Reis valorizou, entre outros fatos, a retidão, humanidade, bondade, fraternidade, as áreas educacional e cultural, o empreendedorismo, o associativismo, atuação classista, geração de empregos. Em junho de 2017, lanço o livro Descoberto da Piedade.

A realização do o velório, com celebrações religiosas, foi na sede do Sindicato Rural de Porangatu (SRP), ao longo do dia 11, e o sepultamento transcorreu no final da tarde, no cemitério Divino Espírito Santo.

 

Apale

A seguir, texto (focando João Gonçalves dos Reis) do intelectual Euclides de Souza (Goianinho), nome de peso na cena cultural de Porangatu. Conforme o próprio informa, no final, trata-se de crônica biográfica de livro inédito dele: Euclides de Souza – 35 ANOS DE LITERATURA.

Poeta que sabe quase tudo quando o assunto envolve casas acadêmicas, o escritor preside a Academia Porangatuense de Artes e Letras; e, a Academia de Letras, Artes e Ofícios da Mesorregião Norte do Estado de Goiás (Acalnorte) Colemar Natal e Silva.

 

JOÃO GONÇALVES DOS REIS – O maior dos Porangatuenses

Na condição de membro e presidente da Academia Porangatuense de Artes e Letras – APALE, declaro oficialmente a abertura do ANO CULTURAL ACADÊMICO JOÃO GONÇALVES DOS REIS (2023).

Prestando uma homenagem em forma de Crônica biográfica a esse grande homem público, notável escritor, inconteste pesquisador, respeitado político e acima de tudo um exemplar chefe de família.

Imortal da Academia Porangatuense de Artes e Letras – APALE, João Gonçalves dos Reis é membro-fundador desde 15 de abril de 1992 e possui assento permanente na cadeira 10, cujo patrono é o historiador Zoroastro Artiaga.

Aos 08 de março de 2021, a Academia Porangatuense de Artes e Letras instituiu o Ano Cultural Acadêmico João Gonçalves dos Reis, sendo de atribuição da APALE: preservar a memória do escritor, incentivar professores, estudantes e amantes da literatura e da arte a conhecer o acadêmico homenageado. Assim como, estudar, discutir e divulgar sua obra. João Gonçalves dos Reis participou de inúmeras coletâneas e seus textos: Massacre de Maria da Cruz, Bardalha – O terror dos Índios, O Primeiro Caminhão, A Coalhada do Vice Prefeito e Tempos de Fartura, estão presentes no imaginário dos leitores e apaixonados pelas letras e pela história de Porangatu.

 

A INFÂNCIA E ORIGENS FAMILIARES

Nasceu na fazenda Serra de Campo (antigo Descoberto), fazenda localizada depois da ponte do rio do Ouro, (hoje pertence ao Município de Santa Tereza), aos 27 de março de 1927. Seus ancestrais eram tradicionais fazendeiros, sendo seus pais: Mathias Gonçalves dos Reis e Francisca Navarro dos Reis.

Avós paternos: João Gonçalves dos Reis e Francisca Pereira da Fonseca, bisavós paternos: Jesuíno Gonçalves dos Reis e Francisca Pereira de Assumpção. Bisavós, pais de Francisca Pereira da Fonseca: Manoel Pereira da Fonseca e Maria Alves Martins.

Na linhagem materna são seus avós: José Navarro de Abreu e Josefa Martins da Cunha. Bisavós: Antônio Martins da Cunha e Paula Correia de Miranda. Tetravós: Thomáz Martins da Cunha e Maria Francisca de Melo.

“A Família Gonçalves dos Reis é oriunda de Pitangui (MG), os irmãos Jesuíno Gonçalves dos Reis e Moisés Gonçalves dos Reis chegaram em São José do Tocantins (Niquelândia) no século XIX.

A Família Navarro de Abreu já vivia na região de Pilar desde meados do século XVIII. José Navarro casa-se com Josefa Martins da Cunha que era da Vila de Descoberto e constituíram família.

A Família Martins da Cunha, tem-se registro em 1766 que essa família já habitava a região de Vila Boa, Crixás e Pilar. Thomaz Martins da Cunha, de Araxá (MG) era casado com Maria Francisca de Melo chegou na Vila de Descoberto em meados dos anos 60 do século XIX”. Esses três parágrafos foram extraídos do livro Descoberto da Piedade, de João Gonçalves dos Reis.

Fiz questão de relatar a origem secular dessas três vertentes familiares para certificar o pioneirismo de João Gonçalves dos Reis. Seus antecessores formaram uma importante base consolidando os primórdios da sociedade de Porangatu – Goiás.

Sua infância foi muito dura tendo que auxiliar seus pais nos afazeres domésticos e também na lida da fazenda. Vendo a dificuldade de educar seu filho na fazenda entregou o menino para a tia que morava no Descoberto da Piedade. Então, Ana Gonçalves dos Reis e Adolpho Roggy, um francês que foi o primeiro médico a residir no então Descoberto da Piedade, tornaram-se seus pais adotivos. Incentivado pela tia foi estudar com um professor particular que era especialista em alfabetização, sobretudo, em aritmética. Assim, o pequeno João Gonçalves dos Reis aprendeu as primeiras letras com o mestre José Antônio dos Santos, respeitado professor que veio de Natividade, hoje Estado do Tocantins. Esse professor ministrou aulas em sua residência e posteriormente na Escola Masculina que funcionava dentro da Igreja Nossa Senhora da Piedade (velha igreja matriz de Porangatu), onde lecionou até 1949. O professor José Antônio dos Santos era “picheleiro”, antiga profissão também conhecida como flandeiro e sua especialidade era fazer lamparinas e funis de folhas de flandres para servir as casas do velho descoberto. Na época o professor era considerado o segundo pai, podendo corrigir os alunos e até bater se fosse o caso. A palmatória de sete furos feita de aroeira era sempre observada pelo pequeno contingente daquela escola que funcionava na estreita rua que dava acesso ao poço do milagre.

Inúmeras recordações ainda hoje são alegremente relembradas por João Gonçalves dos Reis. As leais amizades que se arrastaram por toda a vida tiveram início naquele mágico lugar.

 

PIONEIRO NO RAMO DE FARMÁCIA

João Gonçalves dos Reis, passou a maior parte de sua vida dentro de uma farmácia. Era tão eficaz e querido dentro do segmento que tornou-se conhecido como “Joãozinho da Farmácia”. Seu primeiro emprego foi na farmácia São José de propriedade do casal José Antônio de Matos e Orfilena de Arruda Matos, ainda hoje, passados mais de oitenta anos, João Gonçalves se emociona ao lembrar da primeira oportunidade em conseguir o primeiro emprego ainda menino. Em 1946 com 19 anos muda-se para Anápolis – Goiás, indo morar na Pensão Avenida e por intermédio de sua tia Ana Gonçalves consegue emprego na farmácia do famoso comerciante Jorge Sahium. Nesse período aprendeu a fazer manipulação de medicamento, sob prescrição médica. O momento foi oportuno para conciliar com os estudos, concluindo o curso ginasial no Colégio Municipal de Anápolis e o 1º ano do curso científico no Colégio São Francisco de Assis.

No auge de sua vida estudantil fez grandes amizades e tornou-se presidente do Grêmio Literário Castro Alves e membro-fundador da União Independente dos Estudantes de Anápolis (UIEA), demonstrando grande capacidade e liderança nas lutas estudantis e políticas da época.

Retorna para sua terra natal em 1955 aos 28 anos onde com muita dificuldade tenta montar sua própria farmácia, o que não foi possível por conta da legislação vigente à época que permitia apenas duas farmácias com um único farmacêutico responsável. Eram as tradicionais farmácias de José Antônio de Matos e outra de Domingos Rodrigues Santana, impedindo o funcionamento do seu comércio.

Foi um ano turbulento e somente no dia 1º de janeiro de 1956 que abril as portas de seu estabelecimento comercial. Farmácia Nossa Senhora da Piedade, iniciando seu funcionamento na avenida Floriano Peixoto (antigo morro da favela), descendo em direção à velha matriz, do lado esquerdo. Posteriormente, já nos idos de 1963 transferiu-se para rua Goiás, funcionando até 1984. Com espírito empreendedor, João Gonçalves dos Reis acompanhava o ritmo do desenvolvimento em seu ramo de comércio. Quando inaugurou o hospital São José, montou uma farmácia em sociedade com seu irmão Mathias Gonçalves dos Reis.

“Joãozinho da Farmácia”, como tornou-se conhecido em sua terra natal, foi por muito tempo o nome mais popular em Porangatu. Muitas pessoas saiam das roças de bicicleta percorrendo enorme distância para comprar remédios das mãos milagrosas daquele refinado e culto comerciante. O senhor Francisco de Assis e Silva, “meu pai”, hoje com 87 anos, relata o seguinte fato: “No início dos anos sessenta morávamos na fazenda Barra Mansa lá na beira do Canabrava e uma menina por nome Ana passou mal e meu único meio de transporte era uma bicicleta que comprei com a venda de arroz. Então, vim numa distância de 150 quilômetros, entre ida e volta. Cheguei no Joãozinho da Farmácia e expliquei a situação que a menina se encontrava e ele passou duas injeções. Ao chegar na fazenda já tarde da noite apliquei a primeira dose e no dia seguinte foi aplicada a segunda. A menina melhorou rapidamente. Até hoje ainda é viva, finaliza”.

Foram mais de trinta anos trabalhando dentro de uma farmácia, encerrando esse ciclo em 1984. São inúmeros os relatos de pessoas que reconhecem sua competência e comprometimento dentro desse segmento, o que o tornou um profissional plausível, admirável e respeitadíssimo em Porangatu.

 

CHEFE DE FAMÍLIA

Casou-se em 1955 com Edeltes Gomides, de tradicional família Anapolina. Esse conceituado chefe de família sempre foi um marido exemplar, homem íntegro, dedicado pai, avô e bisavô muito querido e extremamente carinhoso com todos os seus descendentes. São seus filhos: Cláudio Fernando Gonçalves dos Reis, Carlos Rosemberg Gonçalves dos Reis, Eduardo Antônio Gonçalves dos Reis, Luís Sergio Gonçalves dos Reis e Dayse Yare Gonçalves dos Reis. Claudio Fernando faleceu aos seis anos, vítima de afogamento no rio Canabrava, aos 19 de junho de 1977.

João Gonçalves tem muito orgulho de três de seus filhos serem formados pela Universidade Nacional de Brasília (UnB). Carlos Rosemberg, (engenheiro elétrico), Eduardo Antônio (engenheiro civil) e Luís Sérgio (educação física).

A família tem vinte e nove descendentes, sendo cinco filhos, doze netos e doze bisnetos. O casal João Gonçalves dos Reis (94 anos) e Edeltes Gomides dos Reis (85 anos), irão comemorar suas bodas de ébano com os bem vividos 66 de casados no próximo dia 1º de setembro.

 

O MAIOR POLÍTICO DA HISTÓRIA DE PORANGATU

A vertente política de João Gonçalves dos Reis não brotou do acaso e como diz o ditado, “a fruta não cai longe do pé”. Essa veia está impressa em seu DNA. Seu bisavô paterno Jesuíno Gonçalves dos Reis foi um grande líder que participou da vida política e social dando significativa contribuição, desde os primórdios do Descoberto da Piedade. “Entre inúmeras outras funções, Jesuíno foi: carpinteiro, construtor de pontes, subdelegado de Polícia, na Paróquia de Santo Antônio de Amaro Leite e em 1891 foi nomeado Delegado Literário do Descoberto, dando posse aos dois primeiros professores da Vila Descoberto: Hermenegildo de Campos Wanderley e João Chrisóstomo Ferreira. Jesuíno Gonçalves dos Reis em parceria com familiares de Antônio Martins da Cunha e Thomaz Martins da Cunha constroem a Igreja Nossa Senhora da Piedade, obra que foi concluída em 1883”. Esse parágrafo foi extraído do Livro: Descoberto da Piedade, de João Gonçalves dos Reis. Seu tio-avô Euzébio Martins da Cunha, foi inspetor escolar em 1935 e foi eleito 2º prefeito de Porangatu: (1953-1957).

O ingresso de sua vida política partiu de incentivo do médico Dr. José Mário de Freitas e seu primeiro mandato foi de vice prefeito na chapa do 5º prefeito eleito de Porangatu, Pedro Teixeira Filho (1966-1970). Foi prefeito por duas vezes, o primeiro mandato, 6º prefeito eleito no período (1970-1973), tendo como vice-prefeito Laudelino Alves de Carvalho, nessa eleição seu opositor foi o professor Waldemar Lopes do Amaral Brito. João Gonçalves dos Reis retorna às disputas eleitorais em 1981 indo para seu segundo mandato, derrotando o fazendeiro Domingos de Carvalho (Gote), sendo o 8º prefeito eleito (1982-1988), tendo como vice-prefeito Bernardino da Rocha Santiago.

João Gonçalves dos Reis é o maior líder político da história de Porangatu – Goiás. Ao todo são doze campanhas municipais vitoriosas, o que soma mais de meio século de domínio na administração pública porangatuense.

O grupo apoiado por João Gonçalves teve início na campanha eleitoral que elegeu Euzébio Martins da Cunha (1953-1957), Moacir Ribeiro de Freitas (1961-1966), Pedro Teixeira Filho (1966-1970), João Gonçalves dos Reis (1970-1973), Luiz Antônio de Carvalho (1973-1977), João Gonçalves dos Reis (1983-1988), Jarbas Macedo Cunha (1989-1992), Júlio Sérgio de Melo (1997-2000), Júlio Sergio de Melo (2001-2004), José Osvaldo da Silva (2005-2008), José Osvaldo da Silva (2009-2012), Pedro João Fernandes (2017-2020). É incrível uma trajetória de resultados tão positivos no cenário apresentado.

João Gonçalves dos Reis recebeu influência de grandes líderes do quadro político da época que era composto por: Angelo Rosa de Moura, Euzébio Martins da Cunha, Adelino Américo de Azevedo, Antônio Navarro de Abreu, Francisco Borges da Silva e Pedro Pereira Cunha.

Seus feitos na administração pública levaram Porangatu aos mais altos patamares da política goiana.

Seu filho Dr. Carlos Rosemberg Gonçalves dos Reis seguiu os passos do pai, sendo eleito deputado estadual pelo PMDB na 11ª legislatura (1987-1991) com 16.905 votos e também foi presidente da Agencia Goiana de Transportes e Obras Públicas (AGETOP), entre 1999 até 2006, durante do governo de Marconi Perilo.

 

PRINCIPAIS OBRAS COMO GESTOR DE PORANGATU

As obras mais importantes de João Gonçalves dos Reis em seus dois mandatos que governou Porangatu, foram:

“Construção da Sede do Tiro de Guerra, Construção da Cadeia Pública e Delegacia de Polícia, Transferência da Feira Livre para Feira Coberta, Instalação da Escola Municipal Técnica de Comércio (Porantécnica) pela Lei 306 de 24 de novembro de 1970, Construção da Escola Municipal Francisco Borges da Silva pela Lei nº 612/84, Escola Municipal Jesuíno Gonçalves dos Reis, Florêncio de Barros Garção e Eusébio Martins da Cunha. Início das Obras do Hospital Regional em convênio com o Governo do Estado, Construção em convênio com o Governo do Estado do Ginásio de Esportes Arlindo Pereira de Oliveira (Ginásio Novo), Realização da 1ª Exposição Agropecuária em parceria com o Sindicato Rural de 11 a 16 de agosto de 1971. Implantou os povoados Cruzeiro do Norte, Bonópolis (hoje município) e o povoado Cosme e Damião (já extinto), Instalação de Energia Elétrica da CELG nos povoados de Linda Vista, Bonópolis e Azinópolis, Implantação do Programa Habitacional Popular com a Construção de 80 casas, Criação da Banda de Música Municipal pela Lei nº 790/86, Construção do Cemitério Novo, Implantação de mais de 50 Escolas na Zona Rural, Construção do Canteiro Central da Av. Adelino Américo de Azevedo e do Canteiro Central e ampliação da Av. Pedro Pereira Cunha, Implantação de 42.324 metros de meio fio e 186.000m² de asfalto. Extensão de 18.800 rede de água tratada, Extensão de 42.324 metros de meio-fio e 186.000m² de asfalto. Construção de mais de 106 casas em parceria com a comunidade.

 

CONTEXTO SOCIAL E MODELO DE GESTÃO

A participação na vida social e cultural da cidade foi uma constante em sua vida. Participou da fundação de entidades importantes como: Sindicato Rural de Porangatu (em sua gestão foi realizada a 1ª Exposição Agropecuária de Porangatu), Rotary Clube de Porangatu, Associação dos Municípios do Norte Goiano. Além de valorosos serviços prestados voluntariamente na Sociedade São Vicente de Paula e nas quinze associações urbanas e rurais que ajudou a criar com a intenção de fortalecer o engajamento comunitário de forma organizada, protagonizando um modelo de gestão inovador, sendo adotado por vários municípios brasileiros.

Sua esposa Edeltes Gomides dos Reis, mulher de fina educação e sempre muito atenciosa com os mais humildes, foi pioneira na gestão da área social do município e realizou importante trabalho social de grande abrangência, levando agasalhos, remédios, distribuição de alimentos e material escolar para famílias carentes. A assistência social do município tornou-se humanizada e passou a ser uma casa acolhedora onde as pessoas eram tratadas com carinho e respeito.

A visão futurista de João Gonçalves dos Reis, desencadeou em uma nova dinâmica de administrar o município discutindo antecipadamente o orçamento com as comunidades antes de enviá-lo à Câmara. Muito tempo depois surgiram pelo País os modelos de orçamento participativo e orçamento democrático, tendo início em Porangatu, essa iniciativa.

 

ESCRITOR E PESQUISADOR

Sua grande obra literária é o livro “Descoberto da Piedade”, que relata a história de Porangatu, prefaciado por Dr. Carlos Rosemberg. Esse livro de 196 páginas, foi publicado pela Cânone Editorial em 2017. A capa foi concebida pela famosa artista plástica Graça Estrela e remete três lugares históricos de Porangatu: a Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade em seu estilo original, o Poço do Milagre e o Centro de Tradições, atual Museu Angelo Rosa de Moura.

Esse livro é um autêntico registro dos primórdios do Descoberto da Piedade até os dias atuais. Busca repassar informações precisas do período aurífero, a construção da Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade (hoje, Matriz Velha), as Festas Tradicionais (das Folias do Divino Espírito Santo aos Carnavais), os primeiros moradores do Arraial de Nossa Senhora da Piedade, ainda distrito de Amaro Leite, entre 1796-1822, a localização das famílias mais antigas existentes em 1920, com breve histórico de cada uma. Não só o registro urbano, mas o rigoroso catálogo das fazendas e seus proprietários, a fauna e a flora da região, a orografia com dedicado estudo das serras, morros. Assim como, um levantamento da hidrografia do município com seus inúmeros rios, córregos e vertentes.

João Gonçalves dos Reis faz minuciosos registros como o primeiro casamento que foi realizado aos 22 de janeiro de 1907, com cópia da ata no registro civil. O período das eleições e as fervorosas disputas entre a União Democrática Nacional (UDN) e Partido Social Democrático (PSD).

As emocionantes estórias contadas em forma de história como: Os Índios Canoeiro e a trágica Morte de Maria Gonçalves da Cruz, o conhecido Massacre de Maria da Cruz, o lendário Poço do Vieira, o Mourão Fincado e Negro Dunga, a Secagem de Ouro em Couro de Boi e a História de Baldaya (o terror dos índios).

João Gonçalves dos Reis é um divisor de águas na história de Porangatu, é considerado por todos, um filho ilustre, notável e muito querido. Seu Joãozinho como é carinhosamente conhecido é unanimidade quando o assunto é carisma, talvez, por sua solidariedade e dedicação ao seu povo ao longo de toda a vida que já ultrapassou nove décadas.

João Gonçalves dos Reis, o maior político da história de Porangatu. É um homem que revolucionou seu tempo sem perder o foco em seu passado, em suas origens. Faleceu na cidade de Uruaçu no dia 10 de setembro de 2024, aos 97 anos.

 

João Gonçalves dos Reis, O MAIOR DOS PORANGATUENSES.

 

Crônica biográfica do livro inédito: Euclides de Souza – 35 ANOS DE LITERATURA.

 

(Jota Marcelo. Com Euclides Souza [Goianinho])

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