PAINEL CULTURAL

DR. ABILIO WOLNEY AIRES NETO

‘A cidade de Ana : Anápolis’ [Capítulo V – Estrada de Ferro Goyaz em Anápolis

[Em diferentes edições e capítulos, o JORNAL CIDADE publica A cidade de Ana : Anápolis, livro do articulista Abilio Wolney Aires Neto, lançado pela editora Kelps (Goiânia-GO.), em 2017

 

V – ESTRADA DE FERRO GOYAZ EM ANÁPOLIS

 

A estrada de ferro chegou a Anápolis no ano de 1935, como ponto final do ramal ferroviário que, em realidade, deveria se estender até a região da ilha do Bananal, no rio Araguaia. Foi aberto naquele ano entre a estação de Leopoldo de Bulhões e a cidade de Anápolis.

O escritor Juscelino Polonial escreveu o livro Anápolis nos Tempos da Ferrovia, obra indispensável de pesquisa sobre a Estrada de Ferro Goyaz, que trouxe grande influência desenvolvimentista para Anápolis e foi inaugurada a 7 de setembro daquele ano, quando se deu a chegada oficial do primeiro comboio.

 

Foto histórica da chegada do primeiro comboio da Estrada de Ferro Goyaz – Fotos: Acervo/livro

 

Um número incontável de pessoas de várias cidades estava em Anápolis para o evento, que se deu com a presença do representante do governador de Goiás, Benjamim Vieira; falou em nome da cidade, o advogado Dr. Adahyl Lourenço Dias; pela direção da ferrovia, discursaram os engenheiros Wenefredo Portela e Castilho; como representante da Assembleia Legislativa, fez uso da palavra o deputado Salomão de Faria. Discursou, ainda, o então prefeito da cidade, José Fernandes Valente.

Esse fato, combinado com a situação de Anápolis na borda leste do ‘Mato Grosso de Goiás’, forneceu o elemento que faltava ao aproveitamento agrícola de alguns mil quilômetros quadrados de florestas disponíveis nessa área.

A partir de 1935, a região foi teatro de uma das mais ativas frentes pioneiras do Brasil. A produção agrícola cresceu de maneira ainda mais surpreendente. [18

O ramal de Anápolis nunca foi prolongado, e hoje está com tráfego bastante reduzido, com a linha não mais chegando à estação final. Os trens de passageiros foram suspensos, ao que se sabe, já nos anos 1970.

A estação, depois de desativada, passou a ser a sede do Conselho Tutelar. No local se pode ainda observar um pedaço de linha que, provavelmente, fazia parte do triângulo de reversão desse pátio terminal.

Em 2016, após um ano de reformas na estação, a página de Anápolis na internet trouxe a boa notícia:

As obras de restauração do prédio da antiga Estação Ferroviária “Prefeito José Fernandes Valente”, na Praça Americano do Brasil, terminaram. O trabalho de restauração se tornou possível graças à aprovação de projeto apresentado pela Secretaria Municipal de Cultura ao Ministério da Justiça e com o qual se obteve recursos no valor de R$400 mil, quase completando o orçamento total do serviço que é de R$538.878,49.

O secretário de Cultura, Augusto César de Almeida, explica que, após a restauração, vai funcionar naquele espaço o Centro Cultural de Preservação da Memória Maestro Sisenando Gonzaga Jaime, que vai abrigar o Museu da Imagem e do Som e o Centro de Memória do Transporte, com ênfase no modal ferroviário.

O Centro Cultural de Preservação da Memória foi criado pela Lei 3.091, de 14 de setembro de 2004, de autoria do então vereador e hoje secretário municipal de Governo, Mozart Soares.

Tombada como patrimônio histórico do município, a antiga estação, símbolo do desenvolvimento econômico que chegou a Anápolis pelos trilhos da Estrada de Ferro, na década de 1930, é o espaço ideal para abrigar a memória audiovisual da cidade, afirma o secretário municipal de Cultura, Augusto César de Almeida. “Este é um benefício histórico que permite um resgate cultural da cidade muito importante para a população”, destacou o secretário.

Na oportunidade, o neto do ex-prefeito José Fernandes Valente, Carlos César Toledo, agradeceu em nome dos familiares a importância que a atual administração deu para a Estação Ferroviária. “Precisamos cultuar a lembrança das pessoas que fizeram bem para Anápolis. Durante a vida política de José Fernandes Valente foram inauguradas importantes obras que ajudaram na construção desta cidade”, falou. O filho de Sisenando Gonzaga Jaime, Mauro Gonzaga Jaime, lembrou que seu pai tocou na banda de música durante a inauguração da Ferrovia em 1934 e também demonstrou gratidão à homenagem dada ao Centro Cultural.

O prefeito João Gomes observou que é mais do que o início de uma obra, é uma estrutura que envolve um sentimento de história de famílias que ajudaram a construir a cidade. “A característica logística de Anápolis começou aqui. O desenvolvimento chegou por esses trilhos. A atividade econômica era concentrada aqui. Uma responsabilidade nossa fazer essa restauração e preservação. Nossa juventude irá conhecer a história desses homens e mulheres que fizeram a diferença”, disse. [19

No dia 23 de novembro de 2017, o Diário de Goiás publicava:

A antiga estação ficou anos escondida e quase esquecida, um prédio antigo, sujo e sem serventia. “No entanto, no final de novembro de 2015, após mais de dez anos de batalhas e desobediências às determinações judiciais, o respeito pela história da cidade venceu a guerra contra a ignorância e iniciou-se o trabalho de reconstrução e restauração da velha estação, que ali está desde 1935.

O historiador Jairo Alves Leite desenvolveu o projeto de resgate e preservação da velha estação, ele mesmo que participou da pesquisa do filme Hollywood no Cerrado e atualmente está desenvolvendo o projeto do museu dos imigrantes do Estado de Goiás.

 

3 de maio de 1976: anúncio com a programação do evento de retirada dos trilhos

 

[18 Revista Brasileira de Geografia, Desenvolvimento Agrícola do Sudeste do Planalto Central, jan-mar 1957, p. 37.

[19 (http://www.cultura.anapolis.go.gov.br/portal/multimidia/noticias/ver/antiga-estaasapoferroviairia-comeasa-a-ser-restaurada)

 

[Continua na próxima postagem, com a publicação do Capítulo VI

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