Estar pronto… Ninguém nasce ou morre pronto
Existem certas verdades ou princípios que não precisam nem sair de boca de cientista ou especialista na questão. Além de integrar a intitulada sabedoria popular, tais afirmações são deduzidas de observação empírica. Empirismo significa aquele conhecimento concluído da experiência. Para tanto não precisa de alta escolaridade, de formação acadêmica. É muito semelhante à atividade de filosofia. Da sucessão de fatos e acontecimentos se extraem conhecimento da questão. É com sustentação nesses postulados iniciais que se desenvolve o presente artigo.
O princípio mais importante aqui se refere à educação. Quando se refere à educação, ela deve ser entendida como um processo abrangente. E muito mais além da simples escolarização ou conjunto de ensinamentos tecnocientíficos aprendidos em instituições de ensino. No senso comum educação parece ser um processo finito, quando se encaminha uma criança para o ensino fundamental, um colégio. E se ela não optar por um curso superior, ali se encerrou sua educação. Tal decisão tem sido muito encontradiça na sociedade, tendo fatores socioculturais da família, da omissão do Estado na oferta e estímulo a uma educação de boa qualidade. O nível sociocultural dos pais tem um enorme valor no que vão ser os filhos em termos de Educação.
Não aprender novas habilidades, não buscar novos conhecimentos. Não! Definitivamente aqui não está concluído o processo educacional do indivíduo. Um outro princípio incontestável é que a pessoa nunca, mas nunquinha mesmo estará pronta para a vida. Ela pode ser uma octogenária ou centenária, o certo é que essa pessoa de 80 anos, 100 anos não encerrou seu processo de alfabetização ou educacional. Não importa o grau de escolarização do indivíduo. Qualquer que seja o título acadêmico ou profissional alcançado. Infinita é a aquisição de novos saberes.
Eu tomo o exemplo do aqui ora escriba. Tenho títulos de Residência Médica em Clínica Médica, em Medicina Interna e de especialização em cardiologia. Isto significa que estou plenamente alfabetizado em cardiologia? Muito longe disto. Quer outro princípio nesse campo? As verdades de hoje podem ser mentiras amanhã. As ciências estão fartas desses exemplos. E a medicina então é um belo ramo das ciências nessa contribuição. Só essa referência já é suficiente para convencer muitos doutores e mestres a calçar as sandálias da humildade. E então lembrar que por mais que tenham aprendido muito ainda resta por aprender.
Nesse reino ou seara dos doutores, mestres e sapientes, não faltam aqueles que munidos de projeções, luzes da ribalta, imagens e data shows adoram arrostar e regurgitar ciência, esnobar sapiência, expertise, etc. Não importa a que academia ou classe profissional eles pertençam. Não é raro assistir a esses tais que nos pódios ou púlpitos se mostram sobranceiros como se demiurgos ou o sal da terra fossem. Nas sociedades de especialidades médicas se veem muitos desses tipos. Curioso e nefasto é que saem das Conferências e Congressos e voltam aos consultórios e lá caem na vala comum da maioria dos profissionais. Quando então, muitos desses “notáveis” recomendam e prescrevem o contrário do apregoado em suas palestras e prédicas. O que se configura como charlatanismo.
Existe o princípio “façam o que eu mando, mas não façam o que eu faço”. Um outro princípio ou provérbio diz: o hábito (vestimenta, roupa) não faz o monge. Trata-se de um dito popular de todo razoável. Não se faz um médico com jaleco e estetoscópio; nem um advogado com libelo e Código Civil. De fato, máscara, maquiagem, imagem ou roupa não fazem nenhum tipo profissional. Trata-se de um princípio ou verdade inelutável.
Mas, treinamento ou hábito laborativo (trabalho) faz e nesse sentido têm-se as explicações.
Tornemos à questão central, educação. Como definida, ela encerra um processo longo, contínuo. Nenhuma pessoa por mais sábia que seja não prescinde de mais saber. Nenhuma por pouco que sabe não é incapaz de novos aprendizados. Por conseguinte a óbvia dedução, ninguém nasce nem morre pronto. A educação (ampla e contínua) é tão significativa e marcante na vida do ser humano que ela vai moldar o caráter, a personalidade, as qualificações éticas e morais do indivíduo.
Nesse quesito da ética e da moral. A criança por natureza e absoluta imaturidade nasce aética. Comparada se torna a uma lousa ou tábula rasa. Ela vem à luz em branco. Sem nenhuma inscrição ou instrução sobre o certo e o errado, sobre o vício e a virtude. Ética e moral, portanto, são valores a ser ensinados aos filhos, aos alunos, aos educandos, aos adolescentes e jovens.
Um indivíduo adulto que não foi educado e treinado com princípios éticos e morais pode até respeitar regras éticas e morais, mas certamente o fará por medo de reprimenda ou punição. Melhor seria que o fizesse por treinamento educacional.
O hábito, o treinamento ou instrução são expedientes fundamentais na formação do indivíduo desde a adolescência. São processos complementares na formação do ser humano como um sujeito cooperativo, participativo e produtivo. É com esses princípios, iniciados pelas famílias, que se constrói uma sociedade lúcida, ciente, justa, critica e participativa. Fora desses princípios tem-se um País de muita desigualdade, de muitos desocupados, com legiões de jovens e adultos nem, nem. Eles nem trabalham e nem estudam. Triste! Muito triste!
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