PAINEL CULTURAL

DR. ABILIO WOLNEY AIRES NETO

‘A cidade de Ana : Anápolis’ [Apresentação. Dedicatória. Prefácio

[Em diferentes edições e capítulos, o JORNAL CIDADE publica A cidade de Ana : Anápolis, livro do articulista Abilio Wolney Aires Neto, lançado pela editora Kelps (Goiânia-GO.), em 2017

 

APRESENTAÇÃO – AS PALAVRAS ALIMENTAM

Acredito profundamente que a boa leitura é um dos alimentos mais preciosos para as vidas e mentes. Esta sexta edição apresenta a consolidação de um projeto que tem alimentado, de um lado, muitos talentos e, por outro, a população que tem cada vez mais acesso à literatura produzida em Goiás. Se pensarmos em todas essas edições do projeto Anápolis em Letras, Fatos e Imagens, esse afã de alimentar com palavras e imagens, dando fartura às escolas, universidades, bibliotecas e lares com algo produzido do nosso chão, de nossas histórias.

Este fator educativo é um dos marcos deste projeto, principalmente pela prioridade na distribuição para unidades educacionais. O acesso ao livro impresso tem contribuído com muitas pesquisas sobre os aspectos de nossa cultura, de nossa conjuntura social e das ideias que conduzem o mundo. São obras que alimentam novas criações literárias e acadêmicas, afetando diretamente ações em nossa sociedade.

Ao abrir cada uma dessas obras, multiplicadas em suas cópias por autor, vamos perceber a diversidade dos gêneros literários. A habilidade de cada autor é desenvolvida nos gêneros, como romance, poesia, quadrinhos, história e outros. Fico impressionado, na oportunidade como gestor público, de ver que não somente a quantidade de obras enriquece este projeto, mas também a diversidade de gêneros que se apresenta.

A consolidação deste projeto, não teria tal dimensão, se não fosse o empenho e o trabalho frequente da União Literária Anapolina (ULA), que vem agremiando novos literatos. A ULA não só os reúne, ela tem promovido a qualidade dessas obras com o intercâmbio em eventos, formações e o despertar de novos autores no coração dos anapolinos. Agradecemos imensamente a continuidade dessa parceria que é tão construtiva à produção literária em Anápolis.

No mais, agradeço a oportunidade da Prefeitura de Anápolis em promover este projeto, que é e será ainda mais rico de frutos, alimentos para a educação e a vida do povo. Nas páginas que se seguem, um autor traz a você o que há de mais criativo e inspirador em seu pensamento. Sem dúvida, serão páginas que, por admiração, ou simplesmente respeito, será um novo sabor em sua vida.

 

Erivelson Borges

Secretário Municipal de Cultura

Prefeitura de Anápolis

 

 

À memória do meu pai Zilmar Póvoa Aires, meu melhor amigo, que se despediu no último dia 03 de outubro de 2017, aos 84 anos.

Aos confrades da ANALE – Academia Anapolina de Letras.

Aos confrades da ALBA – Academia de Letras do Brasil – Anápolis.

À poetisa e escritora Irany Wolney Aires, que me deu à luz.

À minha filha Ana Luiza, que viveu até os 5 anos na Cidade de Ana.

Às sobrinhas-filhas Sheila e Karen Aires, sempre presentes em minha vida.

 

 

PREFÁCIO

O compêndio histórico “A cidade de Ana” exsurge no contexto literário goiano, quando os ventos de junho varrem as velhas folhas das árvores, trazendo notícias do longe e exaltando a nova estação que se expõe no calendário do tempo.

O suave bafejo do frio na pólis inspira, e as luzes ao longe das avenidas Brasil e Goiás trazem o nostálgico, numa simbiose entre o contemporâneo, despertando a merecida exaltação aos anais históricos, políticos e evolutivos de Anápolis.

Imprescindível de se ler, o livro é rico de informações de diversos matizes e de leitura fácil. Suas páginas advêm da pena alada do escritor Abilio, num hiato feliz da escrita, onde suas mãos maduras bailam na leveza do escrever, nutridas pelo pensamento que aure a inspiração inconfundível do bem e do bom.

Da obra, resta induvidoso o seu caráter insuperável de valor histórico-cultural, que poderá massagear o sentimento dos homens e mulheres, que digna e honrosamente articularam os avanços e arquitetura moderna, que hoje se vê da cidade Anápolis. Urbe universitária que qualifica inúmeros acadêmicos, a cada semestre, para ofertá-los ao País a título de profissionais de destaque. Colhe-se do livro, também, o gesto enaltecedor à gente empreendedora que fez da cidade de Anápolis expoente industrial, capaz de gerar inúmeros empregos, arrecadar tributos, além de guarnecer em seu solo orgulhosamente o Distrito Agroindustrial – DAIA, como referencial para todo o País.

A Cidade de Ana se apresenta num misto de trabalho e religião.

Em cada praça, vê-se um povo que labora incansavelmente, mas professa a sua fé em suas diversas crenças. Lugar, também, de gente simples e humilde, ornada de valores morais e éticos inconfundíveis, no mesmo passo que agrega em seu seio notáveis juristas, políticos, gestores administrativos, comerciantes e industriais. Atesta-se, ainda, a cultura que palpita nas veias de poetas, poetisas, escritores, jornalistas, radialistas.

Evidencia-se, enfim, a paixão esportiva, que verte sentimento inabalável pela Rubra Anapolina.

Impende acentuar que o símbolo de torrão acolhedor de universitários, profissionais do comércio e da indústria firmou-se ao longo dos anos para a cidade. Antes era o esteio para a construção da capital federal, Brasília – DF. Hoje, serve a todo o País e enaltece o Estado goiano, por meio de suas rendas, divisas, patrimônio e marco inconfundível de Progresso.

Neste ambiente, de tantos valores e pessoas de realce, um dia aportava-se por aqui, o Promotor de Justiça, Abilio Wolney Aires Neto. Transformou seu gabinete em Defensoria dos necessitados de Justiça, e foi ao Tribunal do Júri, ladeado pelo verniz discursivo de Cícero na Tribuna, buscar a aplicação da Lei, e zelar no exercício de jurista da sociedade, pelos direitos e interesses, inclusive dos desvalidos.

Enquanto Promotor de Justiça, o autor abraçou causas sociais importantes na comarca, encampou a luta pela interdição do Presídio local, por mais de uma vez, objetivando assegurar a dignidade de presos e detentos. Concluiu a missão altruísta, com o advento da construção de mais um Pavilhão naquela casa de detenção, numa caminhada que fez ao lado do saudoso Mons. Luiz Ilc, Dra. Márcia Alves Lima e outros segmentos da sociedade local, visando a dar maior espaço, melhor divisão e, de alguma forma, tratamento mais humanitário, ante a crise evidente do sistema prisional.

Laborei lado a lado em seu Gabinete do Ministério Público e depois da magistratura, vi-o assumir cadeiras na docência universitária da UniEVANGÉLICA, onde, mais tarde, tornei-me também professor.

Presenciei aulas memoráveis, com ensinamentos refinados de Processo Civil, Direito Comercial, Processual Penal, Civil e outras disciplinas que lhe deram assento em 11 cadeiras, na condição de seu aluno. Atestei os seus avanços na qualificação docente, por meio de sua pós-graduação em Processo Civil e, em seguida, a sua titulação de mestre em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento pela PUG-GO, quando já promovido a Goiânia.

Na seara da docência, o reconhecimento público lhe adveio por meio das diversas premiações, exaltando o brilhante professor universitário que foi.

As caminhadas e visitas nas periferias, instituições e abrigos de enfermos, apontaram a necessidade de ampliação da vertente cristã e social do Promotor e Escritor. As lutas pelos interesses dos carentes de justiça necessitavam de poder de ação e maior representatividade, a fim de se alcançar o êxito em tempo célere. Essas questões reacenderam o velho sonho de compor os quadros da magistratura. Vi-o na luta, laborando como membro do Ministério Público, à noite dando aula e estudando para o concurso que lhe deu ingresso na magistratura goiana. Eleito pelos colegas como Juiz Diretor do Foro da Comarca de Anápolis (GO), fez brilhante condução administrativa no Prédio do Fórum local.

Homem vocacionado a tantas gestões, não poderia ficar preso ao recôndito de um gabinete, amiúde porque nele sempre estivera bem-assentada a distinção entre o exercício da judicatura e, de outro lado, a atuação do cidadão em suas práticas espíritas cristãs.

Paralelamente ao exercício de inúmeras atividades, refundia-se nele a vertente da escrita. Havia inúmeras inquietações acerca da história dos ascendentes comuns, dentre os quais, o nosso avô materno, Abilio Wolney, cujos contornos versados apontavam para uma má interpretação ou narrativa divorciada da realidade. Impulsionado pela busca da verdade e esclarecimentos, neste particular, vergou-se noites adentro, nos calhamaços de papéis, registros, que lhe trouxessem a versão verdadeira sobre o fatídico do “Barulho do Duro”, ocorrido nos idos de 1918 para 1919 em Dianópolis, nossa terra natal.

No afã de conhecimento histórico, deparou-se com o feliz episódio do Dep. Abilio Wolney ter sido o autor da sugestão do nome de Anápolis, em homenagem ao qual, em 1999, foi nomeada a Praça que faz esquina com as Avenidas Brasil e Goiás, na extensão do largo do Paço Municipal.

Em presença de jornalistas e sociedade local, o vereador Joaquim Jacinto Lima e o ambientalista e ex-vereador Amador Abdala puderam assistir ao descerramento da placa que homenageia o autor do nome Cidade de Ana em lugar de Santana das Antas.

O registro histórico vinha de 1904, publicado pelo próprio e valoroso Moisés Santana no jornal Lavoura e Comércio.

O Tribunal de Justiça do Estado, também, não deixou por menos, deu nome ao auditório local do Tribunal do Júri Abílio Wolney, que no passado foi também juiz municipal no antigo norte goiano e, por toda a vida, advogado, tendo militado em Anápolis, onde outrora era bem votado na Vila de Antas, então distrito de Pirenópolis, que lhe deram votos para a eleição como parlamentar goiano em 3 legislaturas, eleito deputado federal em 1900 e reeleito deputado estadual em 1905, tendo sido mais tarde, prefeito em Dianópolis, então nordeste goiano, hoje sudeste do Tocantins.

O autor já publicou 11 livros, mais este, numa rica sequência da história de Goiás no primeiro quartel do século XX, biografias, poemas e outros de Direito. Afinizou-se pelo veio histórico, onde exerce com maestria a sua pena. Com isenção de ânimos e lisura irretocável pela verdade, tinge as páginas brancas, para que olhos ávidos encontrem notícias no amanhã, daquilo que jamais poderia permanecer no anonimato.

No esteio de suas inúmeras obras publicadas e de seus estudos realizados, apresenta credibilidade para escrever, deixando suas anotações sobre Anápolis, onde fixamos juntos residência há mais de 20 anos e onde mora a nossa sobrinha e advogada Karen Aires Pinto e seu esposo Fabiano Pinto.

Aqui laboramos, amamos e sonhamos. Agora Abilio Neto volta em livro para externar definitivamente, nas linhas que se seguem, a sua gratidão, respeito e afeto por uma gente que, para sua evidente felicidade, agregou-se em sua vida como extensão definitiva da nossa família.

A vida do autor em Anápolis foi marcada por reconhecimentos gratificantes. Da Prefeitura Municipal, recebeu a Comenda Gomes de Souza Ramos, outorgada pelo município através do prefeito Wolney Martins com a Lei no 833 de 11 de junho de 1980. Deputado estadual por 3 legislaturas, Wolney Martins é advogado e foi prefeito nomeado pelo governo do Estado entre 24.03.80 e 15.05.82, e depois Prefeito eleito para o mandato de 01.01.93 a 31.12.96. Ele se chama Wolney, conforme ele próprio afirma, em homenagem ao deputado Abilio Wolney, embora sem parentesco, mas seu pai era amigo pessoal e admirador do parlamentar goiano-tocantinense.

 

Wolney Martins, duas vezes prefeito em Anápolis – Foto: Acervo/livro

 

Da Câmara de Vereadores, recebeu o Título de Cidadão Anapolino pelo Decreto Legislativo no 63 de 18 de maio de 1988. O projeto foi do saudoso vereador Pr. Edson Araújo de Lima, que ali exerceu dois mandatos e, mais tarde, integrou o secretariado da Prefeitura de Goiânia. O presidente da Câmara de Vereadores era Joaquim Jacinto de Lima.

Participamos juntos da inauguração da Praça Deputado Abilio Wolney, no largo do Paço Municipal, pelas mãos do prefeito Adhemar Santillo, então representado pelo vice Air Ganzarolli, homem gentil e bom.

Abilio foi Juiz Diretor do Foro da comarca, em cuja gestão conseguiu junto ao Tribunal de Justiça, sob a presidência do Des. Jamil Pereira de Macêdo algumas conquistas para o Judiciário local: a) ampliação no térreo das garagens internas e externas ao prédio; b) novos carros para a frota, novo sistema do ar-condicionado para o prédio; c) realização de Concurso para os cargos de Servidores do Fórum; d) elevação para 2 do número de assistentes de Juízes (foi a primeira comarca do interior a ter); e) além da construção no piso térreo da extensa estrutura para o arquivo à prova de fogo, água e invasão.

Na sua gestão de Diretor do Foro, conseguiu, ainda, ampla reforma no prédio do Juizado da Infância e da Juventude de Anápolis, por onde passara anos antes como Juiz substituto. Depois, o Juizado foi praticamente reconstruído pelo atual Juiz titular, Dr. Carlos Limongi Sterse, que dirige o Foro da comarca em biênios sucessivos.

Da Câmara de Vereadores, recebeu também a Comenda Dr. Henrique Santillo, criada e outorgada ao autor em 2004. A distinção é a mais alta honraria do Poder Legislativo anapolino e leva o nome de um dos maiores estadistas de Goiás, morto em 2002, quando era conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Santillo foi vereador e prefeito de Anápolis, governador e ministro da Saúde.

À frente da Comissão Popular de Construção do Presídio de Anápolis, juntamente com a Dra. Márcia Lima e a Dra. Maristela Duarte Nunes, conseguiram que o Mons. Luiz Ilc construísse o Pavilhão II para um tratamento mais humanitário aos detentos.

Lecionou durante 10 anos em duas Faculdades de Direito de Anápolis.

Aqui escreveu livros, proferiu palestras jurídicas e religiosas. Juntamente com a Prof. Natalina Fernandes (presidente) e a Dra. Maristela Duarte Mendes fundou a ANALE – Academia Anapolina de Letras, que funciona na sede da ULA – União Literária Anapolina.

Em companhia da Escritora e prof. Ridamar Batista, Prof. Natalina Fernandes e outros escritores, fundaram a Seccional da Academia de Letras do Brasil – Anápolis.

Fundou, juntamente com Delnil Tadeu Cabral Batista e Eurípedes Fagundes Lima o Núcleo Espírita Casa de Jesus, que assiste socialmente e em atividade de filantropia a comunidade que se formou em torno do DAIA, no Jardim Esperança, num espaço de meio quarteirão, onde participa ativamente, dividindo sempre com o presidente Batista a responsabilidade de manutenção das atividades sociais e filantrópicas da Instituição.

Promovido para a 9ª Vara Cível de Goiânia, vem semanalmente a Anápolis, onde sempre fala nos Centros de Estudos Espíritas e participa das Academias de Letras citadas, publicando livros em Coleções da Prefeitura de Anápolis, participando de antologias locais etc.

Titular da Cadeira II da ANALE, cujo patrono é o avô Abilio Wolney, não será esquecido por esta terra que nos acolheu em Goiás.

 

Anápolis, junho de 2017.

Zilmar Wolney Aires Filho [1]

 

[1] Zilmar Wolney Aires Filho é advogado e Professor Universitário, com 3 títulos publicados. Cidadão anapolino e Membro da ULA. Titular de Cadeira na ADL – Academia Dianopolina de Letras.

 

[Continua na próxima postagem

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