Humor, como vai o seu?
Vivemos numa cultura de “concorrências”, num ativismo que gera stress e põe à prova nosso temperamento, caráter e sentimentos. Humor é o estado de ânimo de uma pessoa, o grau de disposição para interagir com os outros e com os próprios compromissos, é aquela carga emocional positiva ou negativa que nos afeta em um dado momento ou por tempo que se prolonga. A distimia é quando o mau humor já se tornou enfermidade.
Hoje fala-se de pessoas bem-humoradas e de pessoas mal-humoradas. O mau humor pode ter suas causas numa comida mal digerida, em noite de sono perdida, em contrariedade com pessoas ou prejuízos nos negócios, em expectativas frustradas na vida, nas horas pós-badalação que foi regada a bebidas e ao frenesi de certas festas, no abandono, no medo, na descrença, nas más companhias (Pr. 22,24s), etc. Quando acontece o contrário disto, isto é, coisas boas, a tendência lógica é que a pessoa esteja de bom humor.
Sabemos, existe uma indústria vasta de lazer, de combate ao mau humor, que procura proporcionar momentos de alegria, distração e euforia, talvez de anestesia quanto aos problemas que nos afligem. Tal indústria tende a crescer mais quando o interior das pessoas está vazio (Lc. 17,21).
Minha abordagem não é só descritiva daquilo que notamos largamente nos indivíduos da sociedade nem tampouco de deixar tudo acomodado como se o estado de humor fosse algo inelutável, automático e sem remédio. Acredito e desejo que o leitor tome consciência, ainda, de dois elementos que podem servir de superação, afinal, é normal que prefiramos estar bem humorados.
Primeiro: do ponto de vista horizontal, lembremos que cada pessoa pode disciplinar suas próprias forças em seu favor, criando um estilo de vida saudável, exercitando a resignação ante o que não está ao seu alcance ao invés de alimentar megalomaníacos desejos de posse ou poder; valorizando as conquistas que se tem, exercitando a gratidão e o otimismo. Dizem que nossa razão é uma potência que, assumida, pode transformar realidades, passando de maldições às bênçãos. É preciso acreditar em si, de forma realista, não fantasiosa, e por mãos à obra, ter disciplina.
Segundo: do ponto de vista vertical, recordemos que não somos autocriados e sim criaturas; o Criador pôs em nós uma identidade, um ideal de funcionamento da “máquina humana”, nosso corpo e nossa alma. Neste sentido teológico, quando a pessoa humana atua contra sua identidade, digo, assume escolhas prejudiciais a qualquer dimensão de sua saúde (física, moral, emocional…), o resultado lógico será a tristeza, a frustração, a raiva, o mau humor, enfim. Em outros termos, cuidando do bem que somos e buscando o melhor que seremos é que vamos alimentar o bom humor deixando o mau humor na inanição. Podemos afirmar que o entusiasmo resulta da conjugação de nossas limitações com o Infinito, é da alegria do Senhor que vem a nossa força (Ne 10,8). Neste caso, a indústria de lazer não será suficiente para nos dar felicidade duradoura, é indispensável viver em Deus; eis um sábio conselho (Fl. 4,4).
Então, como vai o seu humor? Qual sua fonte de alegria? Ela alimenta ou esvazia seu coração? Faça uma diagnose de si mesmo e tome a decisão favorável ao bom humor: cuide de sua saúde integral, não deixe a espiritualidade de fora.
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3 Comentários
Ótimo texto! Ou temos Deus ou a nossa alegria é passageira e superficial.
Ótima reflexão, padre. Em tempos de pandemia precisamos cuidar do nosso humor, porque realmente ele acaba muito afetado.
Excelente texto!!!